Era o dia 6 de Junho de 1944, no litoral norte da França. Tropas do Reino Unido, dos EUA, do Canadá e da França atacam as forças alemãs, deflagrando o processo que colocaria fim num dos períodos mais sangrentos para a humanidade e no desumano domínio nazista sobre a Europa.
Celebramos, em 2022, o 78º aniversário desse que ficou conhecido como dia D. Mas o que foi isso? O termo dia D não nasceu propriamente nesse ataque. A primeira vez que se fez o uso desse termo foi em setembro de 1918, quando, na ofensiva de Saint Mihiel, grande ataque americano na primeira Guerra Mundial, se cria a expressão, significando o dia da ofensiva. Outra expressão popular também nasce nessa data: é o uso da expressão “Hora H”, como designado a hora do inicio do ataque, realizado às 5h da manhã.
No início de 1944 a Alemanha já vinha acumulando sucessivas derrotas de Guerra, principalmente após perder a Batalha de Stanlingrado, travada por alemães e soviéticos entre o fim de 1942 e o inicio de 1943. Devido ao intenso frio e falta de preparação dos alemães, o “general inverno” derrotou as tropas nazistas; ou seja, o império de Hitler estava chegando ao fim. As tropas do Exército Vermelho estavam empurrando as tropas alemãs de volta para a Alemanha e a pressão exercida pelas tropas aliadas no sul da Itália gerava medo em Hitler. Por isso, seria vital para ele repelir qualquer provável ataque à costa da França. A conquista da Normandia era fundamental para os aliados, o que faria com que a Alemanha lutasse em um novo front de guerra, enfraquecendo-a. Por isso, um plano foi elaborado com mais de um ano de antecedência, pois era necessário combinar um mar calmo, uma maré baixa e uma lua cheia, condições ideais para a realização de tal façanha. A princípio essa operação se realizaria no dia 5 de Junho, mas devido a questões climáticas, principalmente uma tempestade que se formou na região, a operação foi adiada por quase 24 horas, ocorrendo no dia 6.
O dia D, conhecido como operação Overlord, envolveu o desembarque simultâneo de milhares de soldados em cinco praias da Normandia. Tropas de paraquedistas saltaram atrás das linhas inimigas, em vários pontos, durante a madrugada, estratégia que foi duramente criticada, pois muitos militares morreram pelos alemães e outros caíram em pântanos, mas o feito serviu de estratégia para enganar o inimigo. Era o inicio da ofensiva final dos aliados contra o regime nazista.
Os lideres militares alemães esperavam e acreditavam que os primeiros ataques eram apenas uma tática para confundir, pois planos para tentar os confundir foram colocados em prática antes do ataque, mas eles não esperavam que, enquanto alguns aliados saltavam de paraquedas, de aviões pilotados por portugueses; e outros em navios, as tropas se reuniam na costa da Normandia para o ataque principal.
Tropas britânicas chegaram a duas praias conhecidas por Sword e Gold e tropas canadenses à praia de Juno e militares americanos chegam à praia mais ocidental delas, fechando um cerco. Contudo, os EUA tiveram grandes perdas. Pouco depois da meia noite, saindo de seus respectivos países, três divisões militares compostas de soldados da Grã Bretanha e dos EUA , com mais de 23 mil militares, transportados por aviões, chegaram ás 6:30 da manhã para atuar no ataque às praias, cobertas de um bombardeio naval. Durante todo o dia, tropas desembarcaram nas praias, e por volta de 1h, os Aliados tinham conquistado aquelas áreas da Costa. As forças aéreas e navais eram muito mais fortes que a dos alemães, o que permitiu que os desembarques fossem possíveis.
Foi uma das maiores operações militares, que contou com o uso de mais de sete mil embarcações e 10 mil veículos, que transportaram aproximadamente 156 mil soldados, abrindo caminho para o fim de um dos períodos mais terríveis da História Mundial. Mas para isso, milhares de pessoas morreram. Só de civis franceses foram milhares. De Aliados, apenas nessa data foram 4.400 e mais de 9 mil foram feridos ou desapareceram. Estima-se que o total de mortes do lado dos alemães tenha ficado entre 4 mil a 9 mil combatentes. Em Agosto de 1944, quando Paris foi libertada, mais de 2 milhões de soldados aliados, quase 10% dos que chegaram em Junho, estavam mortos, feridos ou desaparecidos. Nos relatos de soldados sobreviventes, pode-se perceber o horror causado por esse momento. "Havia homens chorando, com medo, homens que se borravam. Deitei-me com alguns outros, petrificado demais para me mover.
Ninguém fazia mais do que ficar deitado ali. Era uma paralisia coletiva. Eu não via nenhum oficial. A certa altura, algo acertou meu braço. Achei que era uma bala. Era a mão de alguém, decepada por qualquer coisa. Era mais do que podia aguentar" Hastings, Max, s/d. Mas as mortes foram relativamente baixas, se comparado com a importância da conquista. Por isso fica a pergunta: o que vale uma Guerra?
No final desse dia, embora parte da França havia sido reconquistada, as forças Aliadas corriam forte risco de serem expulsas de volta ao mar pelos alemães. Para evitar que isso ocorresse, o reforço das tropas era feito como que de forma imediata, mais rápido do que do lado dos alemães. Era um processo lento caminhar pelas ruas e cidades na Normandia, pois eram fortemente protegidas. Embora por um alto preço, as forças Aliadas conseguiram enfrentar e superar essa considerável resistência. Aí se tem inicio a uma vagarosa e lenta reconquista da França e marcha na direção de Berlim.
Para muitos historiadores, o dia D não foi o fato que definiu o destino da Segunda Guerra Mundial, apenas antecipou a derrota do nazismo, mas não a iniciou. De qualquer maneira, os acontecimentos do dia D foram Decisivos para derrota do nazismo, ao exercer mais pressão sobre as defesas alemãs.
Commentaires