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Alcoolismo, uso de drogas e conflitos nas ruas de Oliveira


População em situação de rua é estável, mas exige cuidados - Foto: Leonardo Barros

Dados da Secretaria Municipal de Assistência Social mostram que os principais motivos pelos quais pessoas passam a viver nas ruas de Oliveira são alcoolismo e/ou uso de drogas (35,5%), perda de emprego (29,8%) e conflitos familiares (29,1%). No que se refere aos vínculos familiares, quase 40% dessa população não mantêm contato com a família. O número de moradores de rua em Oliveira tem variado entre 10 a 15 pessoas por mês, permanecendo estável, segundo registros do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), órgão ligado à Secretaria de Assistência. Os registros apontam ainda que o CREAS atende, a cada mês, em média, de 80 a 90 pessoas na condição de migrantes que passam pelo município. Na maioria dos casos, os migrantes recebem passagens de ônibus até a cidade mais próxima (Carmópolis de Minas, Carmo da Mata, Santo Antônio do Amparo e São Tiago), de acordo com o sentido que querem seguir.


Em Oliveira, grande parte dos moradores de rua pode ser encontrada nas proximidades do terminal rodoviário, alguns, inclusive, costumam utilizar uma quadra esportiva fechada e coberta como abrigo. De acordo com o CREAS, essas pessoas por diversas vezes foram retiradas da quadra e orientadas a não utilizarem o local por se tratar de um espaço público em que há prática de esportes. Entretanto, há um buraco na grade de proteção, por onde elas retornam.


Há ainda o caso de um homem proveniente de Belo Horizonte, que há meses vem residindo na entrada da sede da operadora de telefonia Oi, em condições precárias de higiene, o que tem causado preocupação nas pessoas que transitam pelo local. Como a operadora desativou o atendimento presencial aos clientes, o local aparenta estar abandonado e por se tratar de um espaço privado o CREAS não pode interferir na saída do indivíduo.


O CREAS acrescentou que as pessoas em situação de rua são acompanhadas pelo órgão por meio de um serviço especializado em abordagem social, de forma continuada e programada, com a finalidade de identificar a incidência de trabalho infantil, exploração sexual de crianças e adolescentes e o uso de álcool e drogas, entre outras ocorrências maléficas.Aos moradores de rua o CREAS disponibiliza um vale banho diário, a ser utilizado nos banheiros da rodoviária, atendimento médico e receituário nos postos do Programa Saúde da Família (PSF), medicamentos pela Farmácia Popular da Prefeitura, internação em instituição assistencial para tratamento contra alcoolismo e uso de drogas e, em casos extremos, alimentação. Como na maioria dos municípios da região, a Prefeitura não possui abrigo para acolher os moradores em situação de rua. As cidades mais próximas que disponibilizam albergue são Betim e Divinópolis.


As ações realizadas pela equipe do CREAS reforçam a construção de autoimagem e identidades positivas, elevando a autoestima, estimulando o surgimento de consciência crítica sobre sua própria condição, consequentemente, a reivindicação de direitos e a construção de novos projetos de vida, reconhecendo a pessoa em situação de rua como sujeito protagonista da sua própria saúde e existência, no sentido de fortalecer as possibilidades para a reconstrução de projetos e de trajetórias de vida que incluam a saída das ruas.


O CREAS não utiliza práticas higienistas (recolhimento compulsório da população que não se enquadre nos padrões sociais) e culpabilizadoras, para que a atenção ofertada não se torne mais um instrumento de discriminação e agravamento dessa condição de vida, pois esse grupo de pessoas possui em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados, a inexistência de moradia convencional regular, que utiliza os logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de moradia e sustento.


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