Carlos Augusto Mattos
Kátia de Souza disse que ela e colegas estão sendo perseguidos.
A Câmara Municipal de Oliveira vai formar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar denúncias de irregularidades e de perseguições contra servidores dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) de Oliveira. O pedido de criação da comissão foi feito pelo vereador Gilmar Sebastião Cândido (PODE), depois que a enfermeira Kátia Gonçalves de Souza relatou, da tribuna da Casa, diversos fatos que estariam ocorrendo nos centros, entre eles a falta de produtos e materiais básicos e decisões adotadas com o intuito de prejudicar a ela e outros servidores do setor.
Kátia de Souza informou que é enfermeira concursada da Prefeitura de Oliveira há 21anos, e que durante este período trabalhou em diferentes unidades do setor de saúde. Segundo a servidora, há um bom tempo ela e outros enfermeiros dos CAPS vêm sendo vítimas de perseguições, com transferências para outros locais e escala de serviço em dias e horários em que trabalham em outros empregos. A enfermeira explicou que a situação ficou ainda pior depois que os servidores começaram a denunciar o que vem acontecendo nos centros.
Ainda conforme o relato, além das determinações de gestores da saúde com o intuito claro de prejudicar os servidores, as unidades de saúde mental têm enfrentado uma série de problemas, como falta de profissionais para os atendimentos, principalmente no período da noite e finais de semana. A enfermeira disse também que nos centros existem banheiros que não podem ser utilizados, faltam produtos como fraldas e toalhas para os pacientes e até manteiga ou margarina para passar nos pães que são servidos.
A enfermeira acrescentou que os colchões apresentam cheiro forte de urina e alguns estão se desmanchando. A situação fica ainda mais crítica aos finais de semana, principalmente pela falta de profissionais de enfermagem e de suporte para os atendimentos. Kátia ressaltou que em muitos casos os plantonistas são obrigados a solicitar ajuda de equipes do SAMU. Ela observou também que o CAPS AD, que atende usuários de álcool e outras drogas, já foi referência na região, mas hoje vive uma situação precária pelo mau cuidado.
Em vista das denúncias, o vereador Gilmar cândido solicitou a criação da CPI, por entender que existem fatos que precisam ser apurados. Ele também anunciou que irá pedir uma auditoria das denúncias ao Departamento Nacional de Auditoria do SUS (DENASUS) e Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais (COREN-MG).
A vereadora Lorena Aparecida de Fátima Silva (Republicanos), que trabalhar como agente de saúde em um posto do PSF, salientou que os profissionais de saúde de Oliveira estão adoecendo devido às más condições de trabalho e do ambiente em que atuam.
O presidente da Casa, Éderson de Souza da Silveira (MDB), indagou à enfermeira se as denúncias foram encaminhadas ao Ministério Público, ressaltando que o órgão é o mais indicado para apurar os fatos. Outros vereadores elogiaram a atitude da enfermeira e de outros servidores que também estiveram na Câmara para acompanhar a reunião. Nas próximas seções devem ser indicados os nomes do presidente, vice-presidente e relator da CPI.
Sobre o tema leia o “CONTRATEMPO”, na capa desta edição.
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