Em matéria assinada pela jornalista Idiana Tomazelli e publicada no jornal “Folha de S. Paulo”, o ex-presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Roberto Olinto, disse que a publicação dos dados preliminares do Censo Demográfico 2022 expõe a "tragédia absoluta" que se abateu sobre a pesquisa. Ele defende a realização de uma ampla auditoria dos dados para verificar se eles são válidos, se é preciso realizar um trabalho adicional ou, em caso extremo, se é o caso de elaborar um novo Censo.
“Por que tem que auditar? Porque esses dados não são confiáveis. Teve todos esses problemas, e uma coleta de seis meses é tudo que a demografia reclama. Não pode ser assim”, afirmou Olinto, que presidiu o IBGE entre junho de 2017 e dezembro de 2018. Especialista com experiência internacional na área de estatística, ele critica decisões tomadas pela direção que o sucedeu no Instituto e defende uma investigação para responsabilizar eventuais culpados pelas falhas na realização do Censo.
O ex-presidente do IBGE afirmou que os resultados preliminares trouxeram coisas absolutamente inexplicáveis. No Rio de Janeiro, todos os municípios da região metropolitana caíram de população em relação a 2010. No Rio Grande do Sul, um número enorme de municípios judicializou a questão, porque não sabe se o Censo está certo ou errado.
“Eu acho que está errado.Por quê? Eles imputaram dados para quase 20% da população. Imputar dado é você dizer: eu não tenho dados para 20% da população e vou usar um processo que normalmente se usa para 2%. Nenhum censo cobre 100% da população, mas você tem uma alta cobertura. E tem problemas em algumas variáveis. Renda, população, idade. Não é uma coisa do tipo 'eu não tenho informação de metade do município'. E o que estão fazendo? Estão imputando questionários inteiros”, asseverou Olinto.
A entrevista completa pode ser lida no portal da Folha de S. Paulo, na internet.
Em resposta, o IBGE disse que as contestações não procedem. Segundo o órgão, a metodologia da estimativa apresentada foi aprovada pelo conselho consultivo do Censo, formado por economistas, demógrafos e estatísticos como representantes da sociedade civil. Segundo o IBGE, o resultado divulgado até agora representa um esforço "para entregar os dados populacionais devidamente atualizados dentro da melhor técnica estatística disponível com maior precisão e confiabilidade".
Os resultados preliminares do Censo 2022 mostram que a população de Oliveira permanece estável, com pouco mais de 39 mil habitantes, desde o Censo de 2010, ou seja, há 12 anos. Entretanto, o visível crescimento da cidade, com inúmeros novos bairros, condomínios fechados e prédios de apartamentos acima de seis andares, coloca em xeque as estatísticas do IBGE, que também estão sendo contestadas pela Associação Mineira dos Municípios (AMM). A entidade está orientando os prefeitos a questionarem os resultados na Justiça, já que muitas cidades perderam arrecadação ao caírem de faixas populacionais, parâmetros estabelecidos pelo governo federal para efeito de cálculo e repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
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