Deterioração das rodovias que cortam Oliveira é inaceitável incúria, que precisa ser apurada.
É criminoso o péssimo estado de conservação das rodovias federais que cortam o município de Oliveira. Da terceirizada e duplicada Fernão Dias à estreita e sinuosa BR-494, passando pela não menos precária BR-369, tudo faz lembrar a superfície lunar. Com uma diferença: no satélite as crateras foram formadas pela natureza, e aqui por irresponsáveis mãos humanas.
Incabível, nesses casos, o também vergonhoso argumento de que as chuvas estão fortes e constantes demais, a ponto de suplantar o trabalho dos órgãos e empresas responsáveis pela malha viária. Ora, nem mesmo o mais infeliz beócio ignora que, em Minas Gerais, chove, e muito, no verão. E que a enxurrada, consequência natural das monções, pode destruir pavimentações já debilitadas.
Inexplicável desmazelo é a forma mais própria para definir o problema. Se o DNIT e o DEER conhecem bem o tempo chuvoso, é de se questionar por que não trabalharam, no período de seca, para reforçar a pavimentação dessas rodovias, especialmente nos pontos de maior vulnerabilidade. Ao contrário disso, deixaram que os problemas se agravassem, a ponto de provocarem perdas e danos àqueles que trafegam por esses pedaços de maus caminhos.
Em viagem de apenas duas horas empreendida pela reportagem da GAZETA DE MINAS pela BR-494, foi possível ver veículos parados no acostamento, na labuta de troca de pneus furados e, aberração maior, pelo menos três pontos, entre Oliveira e São João Del Rei, com tráfego liberado numa única pista. Numa dessas enormes crateras, o deputado oliveirense Lucas Lasmar gravou dois vídeos, em meses diferentes, apontando o agravamento da situação e a iminência de acidentes. Junte-se a isto o aumento exponencial do tráfego de caminhões e carretas naquela via, e temos o pior dos cenários.
A BR-381, trecho entre São Paulo e Belo Horizonte, historicamente conhecida como Rodovia Fernão Dias, em homenagem ao intrépido bandeirante que cruzou por esses caminhos, séculos antes de se abrir a estrada, a situação chega a caso de polícia, devido à quantidade de buracos nas pistas de alta velocidade e que deviam estar devidamente transitáveis, visto que se trata de serviço terceirizado, com o obrigatório pagamento de pedágio por parte dos usuários. Lá também pneus e suspensões sofrem horrores, impondo altos custos a todos, com exceção dos borracheiros, únicos a lucrarem nesta trágica historinha.
Ao lado disso, sofre a população para arcar com o pesado Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) que chegou a 2023 “arrancando o couro” de quem ousa ter carros mais novos. Tudo bem, se o contribuinte fosse diretamente beneficiado com estradas em condições de uso. Mas o que se vê é o mais escancarado desleixo. Como já mostrado, “in loco”, pelo deputado oliveirense, há crateras que perseveram há anos, abrindo-se cada vez mais e se transformando em autênticas armadilhas, prontas para, a qualquer momento, aleijar e até matar inocentes.
A pergunta que precisa ser respondida é: para onde vão os milhões de reais arrecadados com o IPVA e que, por lei, deveriam ser usados na manutenção de nossa maltratada malha viária? Que abissal sumidouro devora esses recursos, enquanto as estradas são, da mesma forma, engolidas pelas enxurradas?
Cabe ao Ministério Público abrir processo investigativo para apurar a inadmissível incúria, que se alastra sem freios pelos descaminhos governamentais, deixando cidadãos e cidadãs desprotegidos e expostos a grandes males. Até quando?
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