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Editorial: Perigo da dengue



Aumento da incidência da doença é culpa exclusiva do desmazelo da população


Se você ainda não sabe, é preciso que seja dito de imediato: o vírus da dengue pode infectar o mesmo indivíduo até 4 vezes. Os sintomas se manifestam com mais severidade a cada infecção, provocando uma resposta exacerbada ao vírus. Como consequência, aumenta o risco de dengue hemorrágica, de choque circulatório, complicações viscerais, como hepatite e encefalite, entre outras, que se não tratadas a tempo podem levar à morte. Dito isto, também é preciso alertar que Oliveira já vive sob surto de dengue. E isto não é bom.


Como mostra matéria jornalística publicada nesta edição, foram notificados 80 casos suspeitos de dengue no município em apenas uma semana. O último Levantamento Rápido de Índices de Infestação para Aedes aegypti (LIRAa) realizado no final de janeiro, apresentou Índice de Infestação Predial de 6.2, considerado alto. Em nível estadual, em apenas dois meses, 11.658 casos foram confirmados em Minas Gerais. média de 215 por dia.


Lidos esses dois pequenos parágrafos, é possível perceber, sem nenhum tipo de esforço ou maiores pesquisas, os problemas e estragos que o mosquito gera contra a sociedade oliveirense que, em última análise, é a única responsável pelo rápido aumento da estatística. Isto porque a dengue só prolifera por simples desleixo dos moradores, especialmente aqueles amigos da sujeira. Embora possa parecer incrível, há muita gente que gosta de viver em meio ao lixo e objetos abandonados, condição principal para a reprodução do mosquito.


Simples assim: se cada morador de Oliveira cuidasse dos cinquenta metros em sua volta, com certeza não haveria Aedes aegypti. De forma absurdamente idiota, entretanto, grande parte da população omite-se dessa responsabilidade, jogando-a, erroneamente, nos ombros da Vigilância Sanitária e dos Agentes de Endemias. Erro grosseiro! Pois quando os agentes encontram um foco de larvas, já é tarde demais. Nesse momento milhares de fêmeas já estão sobrevoando o interior das casas, ávidas pelo sangue de seus ocupantes. Uma ferroada e pronto: lá se vai o vírus ao encontro de sua corrente sanguínea e seu organismo estará, em poucos dias, inapelavelmente “detonado” pelos dolorosos e desconfortáveis sintomas do mal.


Porque estamos, neste momento, um pouco mais aliviados quanto à pandemia de covid-19, não significa que podemos baixar as armas, como se vivêssemos num paraíso de saneamento, num ambiente salubre e isento de outros males provocados por vírus ou bactérias. O que se percebe, infelizmente, é que o relaxamento com a pandemia, que só foi possível graças à vacinação em massa e à heróica luta contra o negacionismo, distanciou a sociedade também da vigilância contra o Aedes, essa, muito mais que a covid, merecedora de atenção diuturna, pois ao contrário do vírus de laboratório que escapou na China, não há vacina contra a dengue, impedindo a imunização do organismo humano. E como cada pessoa pode contrair até quatro vezes a doença, fácil perceber os males que daí podem advir.


Absurdo, portanto, que muitos oliveirenses ainda encontrem dificuldades para entender que calor, chuva e água parada é tudo que o mosquito precisa para se reproduzir, e que é exatamente este o ambiente climático que estamos vivendo. Mais assustador, ainda, é não entender que a única forma de impedir a picada da fêmea, é um gesto simples e não oneroso: uma rápida limpeza semanal no interior da casa, quintal e jardim, impedindo que água de chuva se acumule em recipientes, ralos, calhas e vasos de flores.


Que dificuldade há nisto?!

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