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Editorial: Poder do livro

Vitalidade da Biblioteca Pública de Oliveira mostra que nem tudo foi exterminado pelo veneno da massificação.


Embora não seja uma exclusividade deste município, a degradante situação informacional da sociedade oliveirense, catástrofe ainda mais acentuada entre a juventude estudantil, deveria estar mexendo nas bases dos setores não apenas culturais, mas, sobretudo, no contexto escolar. A ignorância primária ataca pessoas que, embora diplomadas formalmente, demonstram uma intransponível dificuldade de entender sua realidade, especialmente a política.


Quanto mais os jovens e adultos se afastam dos livros, mais proliferam as hostes mal-informadas, que por falta das mínimas condições de criticidade, se veem altamente vulneráveis ao que se convencionou chamar de “fake news”. É a mentira que passou a reinar soberana, aproveitando-se das condições altamente favoráveis a esse inóspito deserto do conhecimento.


Não se fala aqui do aprendizado de alta filosofia, de literatura clássica ou de sofisticadas técnicas de apuração dos fatos. O que falta, e isto é o que preocupa mais, é o contato primário com canais que possam levar os cidadãos a se vacinarem contra a carga viral da ignorância, que grassa completamente livre, atingindo todas as classes sociais. Sem defesas e discernimento intelectual, o indivíduo tende a se transformar em mero escravo de um sistema perverso, que manobra para tanger a sociedade como manada, tendo-a em suas mãos e dispondo dela na prevalência de interesses menores, golpistas e autoritários.


Um exemplo claro é a capacidade de manipulação por parte de políticos, governantes e facções eleitorais, a ponto de conseguirem se impor sobre milhões de miseráveis incautos, que acabam caindo na armadilha, com graves consequências para si mesmo e para a comunidade a que pertencem. Sim: hoje impera a mentira e o engano, e para que isso se perpetue, é necessário que impere o desestímulo à leitura.

Em meio a esta senzala de dimensões nacionais, os dados relativos a empréstimos de livros e ao número de visitas realizadas à Biblioteca Pública de Oliveira durante o ano de 2022 são um alento. Embora alcancem uma parte menor da sociedade municipal, os leitores cadastrados e ativos na instituição sustentam a esperança de que nem tudo está perdido e que há perspectivas de mudanças para melhor. Os que lá vão, com certeza sorvem gradativamente o néctar benfazejo da informação de qualidade, elixir que leva à sabedoria, base da honra e do respeito.

Mas não precisa ser necessariamente lá. Existem, em Oliveira, algumas famílias que mantêm suas próprias bibliotecas caseiras. Embora bem menores e menos diversificadas, essas coleções de livros fazem toda a diferença ao serem oferecidas aos filhos, aos netos e à prole futura. Bibliotecas particulares não são entulhos bolorentos a ocupar espaços nos lares. Ao contrário, é inimaginável o bem que podem promover, enquanto células alimentadoras do intelecto. Dar acesso ao livro é contribuir para a formação de uma sociedade mais livre, democrática, fraterna e verdadeiramente próspera.


Firme em sua rica e duradoura trajetória, a Biblioteca Pública José do Nascimento Teixeira tem contribuído enormemente para manter acesa a chama luminosa do conhecimento, livrando milhares de pessoas do cabresto imposto ao indivíduo inculto. Porque não há nada mais humilhante a um país, do que a capitulação de seu povo ao jugo de aproveitadores, por não conseguir entender sua própria essência.


Viva o livro!

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