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Editorial: Raiz do vandalismo

Não há como acabar com os crimes, se não for fechada a fábrica de criminosos.



É incongruente e absurdo o raciocínio rasteiro de que a única solução para combater a escalada de atos criminosos numa sociedade seja o reforço do policiamento nas ruas. Embora a manutenção da segurança exija esse tipo de ação técnica, ostensiva e coordenada, as verdadeiras ferramentas necessárias à geração de uma sociedade mais pacífica, ordeira e cidadã estão em suas estruturas educacionais.


Assiste-se, em Oliveira, o aumento de atos de vandalismo contra bens públicos. O alerta está sendo dado nesta edição de GAZETA DE MINAS, em matéria jornalística que mostra como esse tipo de distúrbio gera prejuízos materiais, financeiros e morais à população. Parques infantis, bancos, iluminações de praças e academias ao ar livre parecem ser os alvos preferidos dos meliantes, que agem não como ladrões em busca de objetos de lavor, mas pelo instinto de provocar um mal a uma comunidade que em algum momento lhes virou as costas, quando mais precisavam de apoio, oportunidade e acolhimento. A lógica desse tipo de comportamento é clara: trata-se de atos de pura vingança.


Logo após tomar posse em seu segundo mandato como governador de Minas, Romeu Zema anunciou, como atitude positiva e proativa de seu governo, a realização de um concurso para a Polícia Militar, com a meta de formar cerca de três mil novos policiais, aumentando, assim, a sensação de segurança coletiva. De fato, a atitude do mandatário vem ao encontro dos anseios da população, mas nem de longe toca realmente na raiz do problema, ou seja, as enormes carências educacionais e estruturais que atingem de frente os jovens em idade escolar, fazendo com que muitos deles se percam no redemoinho do crime.


Interessante ressaltar que em nenhum momento o governador apontou atitudes e investimentos na capacitação de professores e pedagogos, muito menos o incremento e modernização técnica das escolas. A deduzir pelo discurso governamental, a educação continuará sendo vista como instância não prioritária de combate a crimes de todos os níveis, entre eles o vandalismo. E por mais soldados que sejam postos nas ruas, pouco se fará para fechar a fábrica de transgressores, caracterizada pelas deficiências encontradas no setor educacional. Ensino de má qualidade; professores insatisfeitos, desestimulados e incapacitados; aparelhagens ultrapassadas e um sistema de avaliação que fecha os olhos ao analfabetismo estrutural são as máquinas de produção em escala, instaladas nessa deletéria indústria de marginais.


O resultado salta aos olhos assustados e revoltados da sociedade, cada vez mais refém de suas mazelas. Alienada e perdida em suas próprias circunstâncias existenciais, Oliveira continuará sendo castigada por perdas cada vez maiores de bens públicos, alvos fáceis de pessoas que simplesmente perderam ou nunca tiveram motivos para neles se reconhecer. Sem educação, sem orientações, sem oportunidades, sem acolhimento, atenção, sem se sentirem protagonistas, nada mais lhes resta a não ser quebrar, danificar, prejudicar, em atos revanchistas contra quem não os reconhece enquanto cidadãos e partícipes do pacto social.


Não obstante a necessidade de aumentar a presença de policiais nas ruas, investir pesado em educação e inclusão social parece ser o caminho mais curto e eficaz no alcance dos objetivos pretendidos. É preciso fechar a fábrica de delinquentes e a única arma capaz disso é a educação, auxiliada de perto pela assistência.


De quem precisaria mais aquele que sente prazer em destruir um bem público: de um soldado ou de um professor? De uma cadeia ou de uma boa escola?

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