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Eleições e democracia

Nem sempre a eleição é democrática, mas não há democracia sem ela.


Os eleitores oliveirenses voltam às urnas neste domingo (02) para escolherem seus representantes políticos estaduais e federais, incluindo o presidente da República. Mais que qualquer outro momento da conturbada história da política brasileira, este é particularmente especial, pois precisa comprovar a consolidação de nossa ainda jovem democracia. Daí a necessidade do amplo comparecimento às secções e, principalmente, do voto consciente e alicerçado na verdade social.


Embora reiteradamente utilizada por todos os políticos, a palavra democracia tem sido pretexto para imposição de verdadeiras ditaduras brancas. Em Oliveira temos períodos bem caracterizados por essa perigosa dicotomia. Vejamos, por exemplo, o espaço anterior ao golpe de estado que implantou o regime militar no país em 1964, quando os poderes municipais eram sempre exercidos pela elite financeira rural ou seus prepostos. Ali o que valiam eram os exclusivos interesses dessa classe e tudo girava em torno da manutenção do “status quo”.


É, dali, o voto de cabresto, aquele ditado pelos coronéis, donos e comandantes da sociedade. As eleições eram efetivamente controladas e manipuladas por um pequeno grupo dirigente, perfazendo-se em verdadeira farsa, na qual era possível toda sorte de falcatrua. Evoluímos um pouco com a afirmação da Justiça Eleitoral, mas o voto em cédula de papel ainda trazia os miasmas das fraudes, facilitando as ações de verdadeiros bandidos e famigeradas facções que nunca poderiam ser chamadas de partidos políticos.


A quebra desse sistema viciado e comprometido só se deu com o advento da urna eletrônica, uma invenção genuinamente brasileira e que ao longo de mais de duas décadas de uso já provou sua completa segurança e praticidade. Países que, apesar do desenvolvimento econômico e tecnológico, ainda utilizam o voto impresso, sofrem com tentativas de descrédito, como ocorreu nos Estados Unidos da América no último pleito presidencial.


Limpas e seguras, as eleições brasileiras precisam, agora, do voto correto, e ele passa pela busca de informações pelos eleitores. Tivemos, nos últimos cinco anos, o advento das notícias falsas (fake news), problema que redundou em portentosos estragos na saúde de nossa democracia. Verdadeiro vírus de alta letalidade, esse tipo de manipulação da realidade chega a ser pior que o tempo dos coronéis ou a grande e tenebrosa noite da ditadura militar.


Há motivos de sobra para o eleitor oliveirense se esforçar, ao máximo, para comparecer à votação e depositar na urna eletrônica o seu voto livre, seguro e, sobretudo, consciente. Porque este é o autêntico momento do eleitor, aquele em que cabe somente a ele definir seu destino, enquanto indivíduo e célula da sociedade. É o momento de manifestar sua força e seu repúdio a tudo de mau que possa estar ocorrendo dentro e fora dos poderes. É o momento de mostrar que o povo brasileiro evoluiu, que não aceita mais cabrestos de qualquer espécie e que não é mais ignorante a ponto de engolir mentiras e tentativas de desacreditar o sistema eleitoral, usando-o como arma para enganar o incauto e pegar o bobo em arapuca de bambu.


Este dia dois de outubro reserva todo um simbolismo histórico para a democracia brasileira. E dele o eleitor é o principal pilar. A depender do que disserem as urnas, teremos um Brasil com as feições de 1964 e período antecedente, num retrocesso de mais de meio século, ou um país diante de seu presente e futuro, livre, plural, diverso, respeitoso e lúcido para promover seu verdadeiro desenvolvimento.

A ver.

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