Eduardo Ribeiro tem música no sangue e na alma. Atual regente do Coral Vozes em Canto, ele utiliza a arte como magnífica forma de expressão e de encontro entre pessoas. Sua relação com os instrumentos e com o canto tem um propósito maior: melhorar a vida, amenizar sua aspereza, dar um sentido mais humano à existência. Nesta entrevista à GM, o maestro nos conta um pouco dessa sua bela e luminosa trajetória.
Gazeta – A sua vida sempre esteve diretamente ligada à música. O que esta arte significa para você?
Eduardo - Tudo. Minha vida mistura-se à arte musical. Meu pai, meus irmãos, meus tios, tocavam violão. Fui criado nesse ambiente. Também todos os meus amigos têm relação muito profunda com a música, são instrumentistas, compositores, cantores... Foi pela música que conheci Carolina, minha esposa, que também é de uma família muito musical. Portanto, a música, pra mim, é um elemento de muita felicidade. Minha vida sempre foi permeada pela música, tanto é que, até para o ambiente de trabalho levei a música, seja cantando com o Coral, musicando festas, enfim...
Gazeta – Com qual idade você começou a tocar instrumentos musicais e como foi sua formação como músico?
Eduardo - Comecei a tocar violão aos 7 anos de idade. Aprendi vendo meu pai e meus irmãos tocando. Aos 14 anos ingressei na Lira Alcino José de Araújo, banda de São Francisco de Paula e fiz o curso de música pelo método Bonna e ABC Musical. Aos 18 anos, estudei um pouco de violão (por música) pelo método Sagreras, o que me possibilitou tocar outros instrumentos. Não posso deixar de citar aqui duas grandes influências em minha formação: mestre Lincoln Gregório Mendes e Lincoln Lamounier Rodrigues.
Gazeta – Nesse tempo, quais momentos você considera mais significativos em sua carreira de instrumentista?
Eduardo - Alguns momentos foram muito marcantes, quais sejam: a formação da Lira Alcino José de Araújo, de São Francisco de Paula; a participação nos festivais de seresta que aconteciam em Oliveira no final da década de 1970 e nos festivais da canção com o Grupo Algazarra; a participação como ator, violonista e arranjador na peça "O TREM DAS VERTENTES”, que culminou com a gravação do disco (LP) com o mesmo nome; e finalmente, a participação como cantor e maestro do Coral Vozes em Canto. Gosto de relembrar que o Coral rendeu frutos. Dele nasceram os corais Pingo de Luz, Em Canto Maior e o Madrigal Vozes em Canto.
Gazeta – Quando e porque você decidiu abraçar a função de regente?
Eduardo - No Coral Vozes em Canto, em algumas circunstâncias, dividi essa tarefa com a nossa maestrina, dona Maria Íris Teixeira Silveira. Quando ela decidiu se aposentar da regência, tive a alegria de receber, de suas mãos, essa responsabilidade. Sua confiança e incentivo foram fundamentais para que eu aceitasse esse desafio.
Gazeta – Qual o papel do regente no coro?
Eduardo - Escolher e preparar o repertório; ensinar os 4 naipes; ensaiar cada música, dando a elas corpo e graça para a apresentação; escolher ou construir arranjos. É preciso que o regente tenha segurança da harmonia das vozes dos coralistas. Manter a disciplina e o bom relacionamento entre eles é de vital importância. O objetivo maior do coral é apresentar-se ao público. No entanto, é de fundamental importância, para uma boa convivência do grupo, que o regente promova também encontros informais.
Gazeta – O que lhe dá mais satisfação nessa atividade?
Eduardo - Cada música aprendida. A maior satisfação de um regente é o aplauso do público. Ver no olhar de cada pessoa a emoção estampada a cada música apresentada.
Gazeta – O que é o Coral Vozes em Canto e o que ele significa para a cultura oliveirense?
Eduardo - O Coral Vozes em Canto é uma instituição consistente e duradoura, formada por cantores, em sua maioria, amadores. Oliveira é uma seara cultural. Daqui saíram poetas, escritores, compositores, músicos, cantores, atores, dançarinos, artistas plásticos. E dentro dessas tantas vertentes da arte oliveirense, surge o Coral Vozes em Canto como importante expressão cultural, capaz de manter por 30 anos um público fiel, que espera nossos concertos e nos ouve com atenção emocionada. Mais que isto, o Coral conseguiu atrair jovens que participaram e ainda participam do nosso grupo. Em meio a uma explosão de novos ritmos e gostos musicais, o Coral segue sua trajetória de levar ao público músicas dos mais variados estilos, mas que atravessam décadas e se tornam clássicas.
Gazeta – Quando e em quais circunstâncias o Coro foi fundado?
Eduardo - O Coro foi fundado em 1993, por iniciativa de um grupo que, saudoso dos festivais e da musicalidade da década de 1980, procurou dona Maria Íris. Diante daquela pressão de pessoas ávidas para cantar, ela não teve outra opção, senão aceitar. O grupo era formado pelas seguintes pessoas: Martinês, Anete, Juliana, Elisa, Maguta, Carolina e eu. Estava fundado, em 08 de março de 1993, o Coral Vozes em Canto.
Gazeta – O Coro completa, em 2023, 30 anos de existência. O que foi mais significativo para você, como maestro, em todos esses anos?
Eduardo - O Coral acabou se tornando uma enorme família. A sua própria criação já é, pra mim, de grande significado. A partir daí, devo listar alguns momentos: o primeiro concerto; a participação nos festivais internacionais de canto coral em São Lourenço e Caxambu; nossa visita a Brasília, por meio do nosso saudoso amigo Juarez Viana; a gravação do CD duplo “Do céu e da Terra”; a emoção de receber, da querida maestrina dona Maria Íris, a responsabilidade de reger e conduzir o Coral; os encontros e festas de confraternização, com a participação de familiares e amigos dos coralistas e, mais recentemente, a participação no filme “Enredo de Fé”, em fase final de montagem.
Gazeta – Como regente, o que você planeja para o Coral nos próximos anos?
Eduardo - Tenho o sonho e a intenção de manter nosso grupo sempre cantando, participando de eventos já programados e de outros para o quais, eventualmente, possamos ser convidados. Permaneço numa constante busca, encontro e formação de novos cantores. Pelo “Vozes” passaram muitos cantores. Saudades: dona Cidinha, Maguta, dona Lilia, dona Elza, senhor Gumercindo, senhor Geraldo José, senhor Alfredo e senhor Diógenes. Sempre lembrados...
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