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Foto do escritorLeonardo José da Rocha

Entrevista especial - A arte de provocar pessoas para o autêntico desenvolvimento social


Mônica: “O meu trabalho é justamente este: de provocar, de sensibilizar,

de mobilizar para a mudança.”

 

Estamos diante da psicóloga e vice-presidente do Instituto de Cultura, Arte, Fazer Responsável e Educação Ambiental (ICAFE), senhora Mônica Borges de Souza, que se auto-identifica como “alguém que provoca”, e que acaba de ser agraciada com a Medalha da Inconfidência. Com extenso trabalho na área social, ela deixou seu nome gravado em projetos de extremo arrojo, como o desenvolvido no Centro de Progressão Penitenciária de Brasília. Também atuou na Casa do Candango e em projeto desenvolvido no aeroporto da capital do Brasil. Mas a grande alegria de sua vida veio com a fundação, em 2013, do ICAFE, em sua terra natal de coração e raízes Carmo da Mata, com o objetivo de promover o desenvolvimento de pessoas e comunidades, por meio de ações ligadas à cultura e à arte. É sobre esse trabalho de alto valor humano e de grande alcance coletivo, que ela fala nesta entrevista à GAZETA DE MINAS.

 

Gazeta – Não é de hoje que você desenvolve projetos e ações sociais. Diga-nos por que resolveu se dedicar a essa área.

Mônica - Servir me dá uma enorme alegria! São tantas coisas a serem feitas, e acreditar que somente o governo pode fazê-las ou tem a obrigação de fazê-las é uma alienação. Acredito que sim, podemos mudar o mundo ou pelo menos contribuir para tornar o mundo um lugar melhor pra se viver. “Nós podemos mudar o mundo e torná-lo um lugar melhor. Está nas nossas mãos fazer a diferença”. Gosto desta frase do Nelson Mandela.

 

Gazeta – Em nível nacional, juntamente com a embaixatriz Flecha de Lima, você desenvolveu um grande projeto em Brasília. Como foi essa experiência?

Mônica - Este trabalho foi um gatilho pra eu descobrir meu chamado, meu propósito. Depois disso fiz vários trabalhos interessantes. Fiz um Projeto chamado Amor Agora, que tinha o propósito de transformar o excluído em participante, o lixo em arte, o empresário em corresponsável. Era um projeto muito legal, que era para acontecer nos principais aeroportos brasileiros e acabou por acontecer somente no aeroporto de Brasília, mas pessoas de todo o país foram envolvidas nele.

 

Gazeta – O que é o Instituto de Cultura, Arte, Fazer Responsável e Educação Ambiental (ICAFE) e por que você resolveu criá-lo em Carmo da Mata?

Mônica - O propósito do ICAFE é contribuir com o desenvolvimento de pessoas e de comunidades, por meio de ações ligadas à cultura, arte, ao meio ambiente. Mas temos sempre que nos reinventar. Eu resolvi trazer a ideia para Carmo da Mata, por puro amor às minhas origens. E por pensar que Carmo da Mata seja um município mais carente de oportunidades.

 

Gazeta – Quais atividades são realizadas pelo ICAFE?

Mônica - O ICAFE tem vários cursos de capacitação. Procuramos sensibilizar para a preservação do meio ambiente, e ainda plantamos muitas árvores e flores. Fazemos nosso Festival Cultural e gastronômico, que este ano será nos dias 5, 6 e 7 de julho, com um grande encontro de carros antigos e muitas atrações incríveis.

 

Gazeta – Destaque as vitórias alcançadas até aqui pelo instituto, bem como as dificuldades encontradas em sua gestão.

Mônica - As vitórias importantes do ICAFE às vezes passam despercebidas por olhos inadvertidos. A nossa maior vitória, sem dúvida, foi contribuir com o aumento da autoestima de jovens e mulheres com quem trabalhamos. Depois foi divulgar nossa cidade no Brasil todo, por meio dos nossos festivais e até no mundo, por meio do Museu de Carros Antigos.

 

Gazeta – E o que você pensa da política? Estaria em seus planos uma possível candidatura à Prefeitura de Carmo da Mata?

Mônica - Esta pergunta é bem difícil, porque às vezes, quando eu não consigo um diálogo com a atual administração, eu penso que o melhor caminho a seguir seria uma candidatura. Seria o único caminho para se fazer um trabalho realmente relevante em termos de contribuir para o desenvolvimento de Carmo da Mata. Mas o meu papel, de verdade, é sensibilizar,é mobilizar os cidadãos carmenses a agir em prol do desenvolvimento da nossa cidade. E nesta guerra nós temos perdido inúmeras batalhas. É por isto que precisamos sempre pensar, reavaliar e nos reinventar .

 

Gazeta – Como você recebeu a indicação de seu nome para a Medalha da Inconfidência, principal honraria do governo de Minas?

Mônica - Recebi com alegria o convite do governador Romeu Zema para receber a Medalha da Inconfidência. Inicialmente não me senti merecedora, pensando somente em mim. Mas na verdade somos um grupo, diretoria, voluntários, apoiadores, patrocinadores, e temos trabalhado proativamente para contribuir com o desenvolvimento de pessoas e elevar o nome da nossa cidade. Ao receber a medalha, eu estava representando um grupo, que tem a nobre missão de servir ao outro.

 

Gazeta - E como foi a cerimônia em Ouro Preto?

Mônica - Foi algo muito emocionante para mim. Interessante que, ao comemorar com os amigos o feriado de Tiradentes, a gente não se lembra da importância que tiveram aqueles brasileiros, os inconfidentes, que lutaram contra os déspotas portugueses, que tiravam tudo do Brasil, Os inconfidentes deram suas vidas pela pátria. Eles nos fazem ver, até hoje, de como se deve lutar para conseguir um mundo melhor. Naquele momento também se homenageava a poetiza e também inconfidente Bárbara Heliodora, e isso foi muito simbólico pra mim e para todas as mulheres. O discurso de uma das agraciadas, da empresa Forno de Minas, fabricante de pães de queijo, destacou a importância que é elevar o nome das nossas Minas Gerais e da importância que ela teve em pegar um produto gastronômico e levá-lo para fora das fronteiras de Minas, a todo o resto do Brasil e para o mundo. De certa forma, no nosso trabalho, tem acontecido isto, principalmente com o museu, que hoje recebe gente não só do Brasil inteiro, autoridades, mas até mesmo do mundo, pois já tivemos visitantes dos Estados Unidos, América Central, Rússia, e o nosso festival caminhando para receber muitas pessoas de outros lugares.

 

Gazeta – Diante de sua luta em função da melhoria das condições de vida da população, o que você tem a dizer àqueles que também podem contribuir pelo bem-estar coletivo?    

Mônica - Eu só posso dizer às pessoas que muito mais eu recebo no trabalho que eu faço, do que verdadeiramente contribuo. Traz-me alegrias e realização. Eu acho que a vida da gente precisa ter um propósito e eu encontrei um propósito de vida no meu trabalho. E isto é maravilhoso. Eu considero que as pessoas podem melhorar suas condições de vida com aprendizado, com capacitação, mas o que importa pra mim é a provocação, é aquilo que alimenta a alma. E este é um caminho transformador. O meu trabalho é justamente este: de provocar, de sensibilizar, de mobilizar para a mudança. É um trabalho muito difícil. Às vezes a gente perde mais do que ganha, às vezes não fazemos o trabalho direito. Tenho sempre que pensar, que me reinventar, para fazer melhor, para que tenhamos mais resultados. O papel do Icafe é, sobretudo, o de provocador, trabalhar no intangível.

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