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Foto do escritorLeonardo José da Rocha

Estado anuncia fechamento da Escola Mário Campos e Silva


Leo Rocha

Governo alega, sem provas, que prédio apresenta problemas de estrutura.


A Escola Estadual Mário Campos e Silva, localizada no Bairro São Sebastião, pode ser extinta a partir do dia 31 de dezembro de 2023. A decisão do governo do Estado de Minas Gerais foi comunicada à direção do educandário, no dia 9 de agosto, pela superintendente regional de Educação de Divinópolis, Luiza Amélia Coimbra, durante reunião virtual com o diretor Dionísio Pedro da Silveira. O motivo do fechamento seria a existência de problemas estruturais no prédio. A notícia surpreendeu e indignou a comunidade escolar.


Atualmente a escola abriga aproximadamente 700 alunos, distribuídos em 26 turmas do sexto ano ao ensino médio na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Fundada em 1957, possui cerca de 90 funcionários e mais de 70 professores. O prédio que abriga a escola é tombado pelo patrimônio histórico de Oliveira. Foi construído pelo engenheiro José Zuquim entre os anos de 1928 e 1929, como antigo hospital psiquiátrico, e mais tarde se transformou em Hospital de Neuro-Psiquiatria Infantil. Ao longo dos anos passou por diversas reformas.


Desde que foi anunciada a decisão, teve início na cidade uma grande mobilização contra o fechamento. Nos últimos dias foram realizadas reuniões no recinto da escola, hoje com 66 anos de existência, como também na Câmara Municipal, onde na quarta-feira (16) aconteceu uma grande manifestação com a participação de professores, funcionários e alunos.


Manifestação na Câmara

Pouco antes da reunião ordinária do Legislativo realizada na quarta-feira (16) a fanfarra da escola, acompanhada por professores, funcionários e alunos, desfilou por algumas ruas da cidade, seguindo para a Câmara. O grupo se posicionou em frente ao prédio, enquanto executava algumas canções, deslocando-se em seguira para o plenário. Durante a sessão os professores Paulo Roberto Valle Silveira e Heloísa Aparecida de Oliveira Rodrigues falaram sobre a situação da escola, em nome da direção, demais professores, funcionários e alunos.


Heloísa Rodrigues salientou que a instituição atende a comunidade escolar há mais de seis décadas, educando e socializando os futuros cidadãos oliveirenses. Ela disse que o trabalho realizado é de extrema importância para a formação intelectual e cultural, comentando as premiações recebidas por professores e alunos. Alertou que o fechamento da escola e a redistribuição dos alunos para outras instituições vão dificultar o acesso dos estudantes, o que pode acarretar uma possível evasão escolar e sobrecarregar outras escolas estaduais.

De acordo com Heloísa Rodrigues, o prédio apresenta uma boa estrutura física e é muito bem conservado. No terreno existe área suficiente para a construção de um novo prédio, e a edificação possui espaços recém reformados. A professora argumentou que a comunidade escolar não aceita a imposição e questionou algumas situações decorrentes do fechamento. Uma delas é a grande distância que os alunos do Bairro São Sebastião e outros próximos terão que percorrer até outras escolas, e como ficarão os estudantes atendidos pelo ensino em tempo integral e que recebem diariamente o café da manhã, lanches e almoço.


Paulo Roberto Valle lembrou a importante contribuição que a escola tem prestado à comunidade escolar de Oliveira. Ao pedir justiça sobre a decisão do governo estadual, ele disse que se alguém tiver dúvida sobre a estrutura do prédio, que faça uma visita levando engenheiros, eletricistas e outros profissionais que possam avaliar suas condições. Ele garantiu que o prédio é sólido como a honra, a dignidade e a dedicação dos profissionais que ali trabalham. Paulo Roberto indagou ainda como ficará a situação dos funcionários contratados, que perderão seus empregos, e das crianças que percorrem uma distância enorme a pé porque não têm condição de pagar o transporte.


Para o professor, a extinção da Escola não está relacionada a apenas da questão estrutural do seu prédio, mas de justiça social de uma escola que oferece para a comunidade muito mais do que recebe. Paulo Roberto salientou também a grande importância da instituição para o Bairro São Sebastião e adjacências, e indagou se mesmo depois de 66 anos de existência a medida seria justa. Ele pediu o apoio da população, dizendo não ao fechamento, lembrando que a realidade de seus alunos é diferente.


Vereadores manifestam apoio

Ainda durante a reunião da Câmara, o presidente da Casa, Éderson de Souza da Silveira (MDB), manifestou sua solidariedade aos membros da escola. Ele anunciou que vai estar presente na audiência pública no dia 25 de agosto e disse que vem pedindo à população para abraçar a ideia. Explicou que não está atacando o governador Romeu Zema (NOVO), como dizem alguns críticos, mas defendendo a escola. O vereador acrescentou que a manifestação não é pelo piso dos professores, que não é pago pelo governo do Estado, mas pela continuidade de uma escola.


Antônio Ananias de Sousa (MDB) disse que representantes da Superintendência Regional de Ensino (SRE) de Divinópolis, que estiveram na escola em julho, durante o recesso escolar, tiraram fotos de um telhado e de uma parte do prédio sem pintura e com base nessas informações fizeram a avaliação de todo o imóvel. O vereador entende que a escola deveria ter sido comunicada para tomar as providências. Lorena Aparecida de Fátima Silva (Republicanos) lembrou que a escola promove o acolhimento assistencial dos alunos e suas famílias e que no local é oferecido não apenas o ensino formal, mas muito mais que isso.


Para Ronaldo de Paula Gonçalves (MDB) a manutenção da escola vai ser uma luta grande. Ele disse que a prefeita Cristine Lasmar se propôs a ajudar no transporte de pessoas para a audiência e que o Bairro São Sebastião, que já perdeu o batalhão da Polícia Militar, não pode perder a escola. Cleyton Murilo da Silva (PDT), que foi aluno do Mário Campos, disse ter sentido quando recebeu a notícia, observando que o bairro e região respiram o educandário. Também se disse feliz com a união de Oliveira pela continuidade da escola e destacou que, após vistoria o Corpo de Bombeiros, não viu nenhum problema no prédio.


Geraldo Nicácio Júnior (PSD) manifestou sua indignação com a decisão, que para ele mostra a insensibilidade do governo de fechar uma escola de 66 anos, considerando ainda um erro grave do governador Romeu Zema. Ele pediu que os deputados votados na cidade se mobilizem em favor da instituição e destacou o empenho de Lucas Lasmar. Já André Luiz da Silva (PODE) observou que a solução do impasse está além do raio de ação da Câmara e que esta foi uma decisão tomada por pessoas que não conhecem a história da escola. Para ele, o caso não vai ser fácil de ser resolvido e vai depender de força política.


Reinaldo Correa dos Santos (PSD) informou que está tentando marcar uma reunião com o secretário estadual de Educação, Igor de Alvarenga Oliveira Icassatti Rojas, para buscar uma solução. Ele considerou como um absurdo a forma como está sendo feito o fechamento, observando que não houve diálogo. Na sua avaliação, o episódio parece um jogo político, no qual alguém está querendo sair como herói. Adilson José da Silva (MDB) disse que o Estado poderia ter feito uma reunião com diretores e professores, e que a escola tem uma boa estrutura. Ele pediu que os vereadores convoquem os deputados de suas bases políticas para que busquem uma solução.


Robson Lima Souza (PDT) usou a expressão “debaixo desse angu tem caroço” para comentar a situação. Ele observou que é impossível fechar uma escola com 700 alunos e 90 funcionários, ao indagar o que vai acontecer com essas pessoas. Ele acredita que com o tempo a verdade será revelada Clodoaldo José de Paula (PSC) disse que a decisão tem que ser rápida, mas com consciência, observando que o momento é de entendimento.


Sirley Clécio da Silveira (PDT), que também estudou na escola, acredita que o problema não é o prédio, mas sim a política que o governo está implantando no estado de diminuir custos. Ele lembrou que a Mário Campos não é a primeira escola que o governo está tentando fechar, e questionou por que não foi interditada, se o prédio oferece risco. Gilmar Sebastião Cândido (PSC) comentou a história do imóvel, e disse que ficou preocupado. Na sua avaliação, o prédio é robusto.


Lucas Lasmar participa de esforços para evitar o fechamento

O deputado Estadual Lucas Lasmar (REDE) está participando de uma mobilização para impedir o iminente fechamento da Escola Estadual Mário Campos e Silva. Em conjunto com a prefeita Cristine Lasmar (MDB) e os vereadores Geraldo Nicácio Júnior (PSD), Sirley Clécio da Silveira (PDT), Éderson de Souza da Silveira, Ronaldo de Paula Gonçalves e Adilson José da Silva (todos do MDB), o deputado se reuniu com professores, alunos e membros da comunidade no dia 11 de agosto. Durante a reunião, o parlamentar informou sobre a formalização de pedidos de reuniões com o secretário de estado de Educação e com o secretário estadual de Governo, Gustavo Valadares.


Lucas Lasmar enfatizou sua intenção de buscar uma solução por meio do diálogo e da ação política. O deputado requisitou uma audiência pública urgente na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), já marcada para 10 horas do dia 25 de agosto. Disse que mantém conversas com colegas deputados, visando formar uma frente para reverter a decisão.


O parlamentar declarou que solicitará informações detalhadas ao Corpo de Bombeiros, a respeito dos problemas alegados no imóvel. Já a professora Marta Barbosa demonstrou surpresa em relação à justificativa apresentada, lembrando das reformas recentes no edifício, incluindo o sistema hidráulico. Ela também destacou a acessibilidade da Escola Mário Campos, que atende alunos idosos no programa de Educação para Jovens e Adultos (EJA).


Sobre o tema leia o editorial “Atentado à Educação”, na página 2 desta edição.

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