Ao entregar a taça aos vencedores da IV Copa Oliveira, com certeza o secretário Kilder Pinheiro teve todos os motivos para também comemorar uma vitória pessoal: o resgate do futebol amador oliveirense em sua forma mais significativa, ou seja, enquanto ferramenta de promoção humana. De fato, os esportes são, em essência, a fórmula química natural capaz de provocar as melhores emoções e os momentos de maior catarse coletiva.
Venturosamente coincidente, desenvolve-se neste momento no Catar, a XXII Copa do Mundo de Futebol, envolvendo as melhores seleções da Terra. Fácil notar, neste que é o segundo maior evento esportivo do planeta, apenas superado pelas Olimpíadas, sua capacidade de reunir, num país minúsculo, erguido em cima do deserto e de enormes jazidas de petróleo, visitantes de todos os continentes, numa maravilhosa festa dos povos. Cores, bandeiras, hinos, nações, tradições, culturas, histórias, religiões, tudo se mistura num imenso e harmônico coquetel de vida.
É notável como pessoas carecem de vibrações para crescerem e justificarem suas presenças no universo. Como única célula racional, aquela que consegue discernir tempo e espaço, vida, finitude, nascimento e morte, não há como extrair do ser humano sua ânsia em superar seus próprios recordes, desafiar seus parcos limites. O astro argentino Lionel Messi bate o pênalti e o goleiro da Polônia defende espetacularmente, enquanto bilhões de pessoas em volta do mundo assistem, maravilhadas, a cena, ao vivo, em imagens com definição em 4 ou até 8k, graças aos avanços da tecnologia, fruto da inteligência do “Homo sapiens”. Em apenas um segundo, emoções e racionalidade se misturam, fazendo nascer o milagre do existir, de experimentar lapsos de felicidade.
O projeto de resgate do futebol amador de Oliveira passa, necessariamente, pela capacidade humana de transformar a existência, movendo-se sempre em busca do aprimoramento de suas próprias relações. De enorme tradição futebolística, revive-se o tempo em que a população se encontrava nas tardes de domingo nos estádios José Maia (Campo do Social) e Benjamim Guimarães (Campo do Fabril). Parece óbvio que essa cultura não poderia se perder de forma tão inconsequente. Virar as costas a ela foi, durante muitas décadas, um erro primário dos poderes constituídos. Pode-se afirmar, como fruto de análise da história recente, que a incúria quase levou ao túmulo uma das maiores preciosidades de Oliveira.
Ainda bem que a atual administração, por meio do secretário municipal de Cultura, Esportes, Lazer e Turismo, teve a lucidez de desenvolver esse projeto, cuja dimensão ainda não podemos medir, mas que já produziu o primeiro bom fruto. Terminada a Copa, a próxima meta precisa ser o campeonato municipal, torneio de dimensões e duração bem maiores, e que, por certo, produzirá efeitos ainda mais saudáveis na sociedade oliveirense. Neste contexto, grife-se a importância da reconstrução do Estado Benjamim Guimarães, já em andamento, obra capaz de fazer renascer o maior dos sonhos: a memorável rivalidade entre Fabril e Social.
Deve-se, pois, este reconhecimento, ao esforço e capacidade aglutinadora de Kilder Pinheiro, bem como à visão e responsabilidade administrativa da prefeita Cristine Lasmar. Está aberto, definitivamente, o caminho para a redenção do futebol e, com ele, um pouco do fantástico show da vida oliveirense.
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