O Hospital São Judas Tadeu (HSJT) enfrenta obstáculos para garantir a continuidade do atendimento pela Unimed, maior plano de saúde conveniado com a instituição. As tratativas para a manutenção do serviço vêm se desenvolvendo há alguns meses, porém até o momento não foi possível um acordo. As divergências estão centradas nos valores de produtos e serviços propostos pela Unimed, que para a direção do hospital estão muito aquém dos preços de custo. O hospital informou, entretanto, que o atendimento aos usuários da Unimed não foi suspenso e que todos os procedimentos estão sendo realizados normalmente.
De acordo com o administrador do HSJT, Ramon Alves Gonçalves, desde agosto de 2022, um mês antes do término do último contrato, as direções da Santa Casa e da Unimed Divinópolis vêm discutindo a renovação do acordo anual. Ele ressalta que esse convênio tem uma importância muito grande para a população de Oliveira e de outras cidades da região e por isso a negociação vem sendo conduzida com todo o zelo, seguindo todas as normas éticas e profissionais relativas a custos e gestão, com análise minuciosa de cada item. O administrador destacou a preocupação de preservar a instituição, para não colocá-la em vulnerabilidade ou em situação de desconforto financeiro no futuro.
Ramon Gonçalves informou que utiliza inúmeras ferramentas de gestão, por meio de diferentes programas, que mostram em tempo real tudo o que está sendo comprado, faturado e pago. Segundo ele, com a ajuda dessas ferramentas é possível notar que vários itens referentes ao convênio da Unimed estão sendo negociados muito abaixo do preço de mercado. O gestor explica que para a tabela de materiais e medicamentos, a Santa Casa de Oliveira utiliza a referência Brasíndice, que traz os valores dos medicamentos que são comercializados no país, enquanto a Unimed utiliza tabela própria, com variações periódicas que não acompanham a referência Brasíndice, considerada a melhor opção para uma unidade hospitalar do porte da de Oliveira.
Como exemplo da disparidade de preços entre as duas tabelas, Ramon cita o soro fisiológico, um produto muito utilizado, que em outubro de 2022 tinha o preço de custo em R$ 6,04, porém na tabela da Unimed o valor era de R$ 3,08, ou seja, R$ 2,96 abaixo do preço de custo. Já na tabela Brasíndice o preço era de R$ 7,56. O mesmo ocorre em relação à tabela para exames, cuja referência nacional é a de Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), utilizada pela Santa Casa de Oliveira. Com base nela, um Raio-X de tórax custa R$ 49,68, enquanto na tabela própria da Unimed o mesmo item é de R$ 16,84.
Em carta de esclarecimento divulgada pela Unimed Divinópolis, a cooperativa de saúde relata que o hospital de Oliveira está impondo reajustes entre quatro a cinco vezes o índice pactuado, repercutindo um aumento entre “40 a 50”, supostamente de reais, nas mensalidades dos consumidores. Por meio de carta-resposta, o hospital esclareceu, no entanto, que há itens pelos quais a Unimed pagará preço abaixo do custo que a instituição terá que desembolsar para adquiri-los. “Sendo assim, a correção para um valor justo implicará em elevação de preço. Contudo, não se distanciará de uma prática comercial honesta, que não implica em prejuízo para nenhum dos parceiros, acrescenta a nota.
Com relação aos serviços oferecidos, o hospital de Oliveira conta com um laboratório de hemodinâmica, ressonância magnética, tomografia, cirurgias de alta complexidade nas áreas de neurologia e cardiologia intervencionista. Também possui duas unidades de pronto socorro, plantões médicos nas mais diversas especialidades, 20 leitos de terapia intensiva, mais de 650 funcionários, sendo mais de 130 médicos das mais diversas áreas que trabalham 24 horas por dia, o que coloca a instituição em patamares dos mais altos níveis de serviços em saúde. Está em fase de implantação o serviço de hemodiálise, que disponibilizará, inicialmente, 40 máquinas. O custo mensal da instituição é de aproximadamente R$ 5 milhões, segundo Ramon Gonçalves, uma estrutura hospitalar pouco comum, com a complexidade ofertada para uma cidade de 42.000 habitantes.
O hospital manifestou publicamente e oficialmente à Unimed que, de acordo com as cláusulas do contrato, vai oferecer o atendimento normal durante 60 dias, até 21 de março, e espera que neste período as diretorias consigam chegar a uma solução. A instituição pede à população que compreenda que o hospital é um bem da comunidade e que a Unimed concorde que ele precisa sobreviver. Por fim, Ramon Gonçalves salienta o interesse de negociar e resolver a situação, mas diz estar convicto de que tem fundamento para justificar o que está sendo questionado, e espera chegar a um consenso e a um acordo da melhor maneira possível.
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