Matheus José
A prefeita Cristine Lasmar, o bispo dom Miguel e as empresárias Nem Campos e Simone Arruda descerram a placa comemorativa da inauguração.
Foi inaugurado, na manhã de sexta-feira (08), o Memorial Diocesano Dom José Medeiros Leite, primeiro bispo da Diocese de Oliveira, instalada em 08 de dezembro de 1945. Basicamente composto por peças sacras e objetos antigos, o memorial é divido em duas salas: a primeira leva o nome do bispo emérito dom Francisco Barroso Filho e a segunda o nome da empresária Maria Conceição Pinheiro de Campos (Nêm Campos). Está instalado e aberto à visitação pública em um porão construído no Palácio Episcopal São José, na Praça Dona Manuelita Chagas, centro de Oliveira. A montagem do projeto pela Diocese de Oliveira contou com a ajuda financeira do Instituto BRZ Dona Neném e do Laticínios Bom Destino, do empresário e ex-prefeito de Oliveira, João Batista de Souza (João da Madalena) e sua esposa Simone Arruda.
A inauguração, que contou com a presença de religiosos, políticos e convidados de diversos segmentos da sociedade civil, foi abrilhantada pelo Coral Vocalis Barroco, regido pelo maestro Lívio Pereira, que apresentou músicas tradicionais dos séculos XVII e XVIII.
O dispo diocesano, dom Miguel Angelo Freitas Ribeiro, fez uma breve explanação desde a idealização do Museu por dom José, em setembro de 1951, até a instalação do memorial. Segundo o religioso, o museu teve início com 10 pequenas seções, entre elas objetos religiosos antigos, relíquias e lembranças do Ano Santo de 1950, além de uma vitrine com joias ofertadas à Nossa Senhora de Fátima por ocasião da peregrinação diocesana em favor da construção do Seminário da Santíssima Trindade, atual Centro Pastoral. Ao longo do tempo as jóias foram vendidas para custeio das obras do seminário e sua manutenção.
Dom Miguel relatou que, em 10 de junho de 1966, dom José criou o Estatuto do Museu Histórico Diocesano de Oliveira, com a finalidade de proteger o patrimônio histórico e artístico da Diocese. Ele sonhava com a construção de um prédio próprio para o museu, que deveria abrigar peças de arte sacra, documentos e livros antigos, mas não conseguiu realizar seu sonho por questões financeiras. O sonho de dom José foi concretizado em dezembro de 1991, por iniciativa do bispo dom Barroso, que criou o Museu de Arte Sacra Dom José Medeiros Leite, administrado pelo museólogo Agostinho Barroso de Oliveira, que contribuiu decisivamente para que o museu se tornasse realidade.
Lamentou dom Miguel o furto, em julho de 1994, de 43 peças, entre elas 16 imagens preciosas, uma delas atribuída a Aleijadinho, outra de Bom Jesus Pastor, em marfim, além de 12 peças em ouro, prata e outros metais. Em junho de 1995 uma quadrilha especializada em furtos de peças sacras foi presa no estado da Bahia, confessou o furto e informou que as peças foram entregues a receptadores de alta projeção social em São Paulo, capital, e Campinas (SP), Uma imagem de Santo Onofre, do Século XVIII, foi devolvida espontaneamente por pessoa não identificada ao Iphan em São Paulo e outra de Santa Luzia, trazida para Oliveira por dom José de sua terra natal, Mossoró, no Rio Grande do Norte, foi identificada em um leiloeiro no Rio de Janeiro e está sendo tentada sua recuperação por intermédio do Ministério Público de Minas Gerais e pela Policia Federal. Uma imagem de São Jerônimo, atribuída a Aleijadinho, também foi identificada no Rio de Janeiro.
Sobre a construção do memorial dom Miguel ressaltou a participação dos arquitetos Alisson Silveira Souza, Tamires Ferreira e Maria Isabel Leão Silveira, do engenheiro eletricista, Renato Alves Moreira, da VX Engenharia na segurança contra incêndios e o acompanhamento técnico do engenheiro Mário Antônio Moterani “Podemos ver que só é possível a preservação de nosso rico material cultural com a colaboração de todos e conscientização da sociedade, do poder público e da iniciativa privada”, concluiu dom Miguel.
Presente à solenidade, a prefeita Cristine Lasmar (MDB) declarou: “Estamos reunidos em um espaço que transcende suas paredes físicas e vai além de uma manifestação religiosa. Este memorial representa a preservação e memória da arte sacra, uma expressão que se entrelaça profundamente com a religiosidade e o sagrado. É um testemunho vivo da riqueza da nossa história e da importância da arte como veículo de conexão espiritual. Hoje, não celebramos apenas um evento. Reverenciamos a memória de uma figura ímpar, dom José Medeiros Leite, o primeiro bispo desta diocese. Seu legado de fé continua a ecoar em nossas vidas, guiando-nos com inspiração e sabedoria. Recordemos, com respeito e gratidão, a contribuição significativa desse líder espiritual que fortaleceu os alicerces da Diocese de Oliveira”.
O deputado estadual Lucas Lasmar (Rede) ressaltou a importância do momento devido a três pessoas, referindo-se ao empenho de dom Miguel, Nêm Campos e João da Madalena. Ao lembrar o patrimônio cultural de Oliveira, Lucas citou também a importância do acervo do jornal Gazeta de Minas, segundo ele de incalculável valor histórico.
O jornalista e escritor Márcio Almeida lembrou que atualmente cerca de 1.800 bens culturais estão desaparecidos de igrejas, capelas e museus de Minas Gerais e que 608 deles foram resgatados em operações especiais, apreensões, devoluções e outras ações. Ele ressaltou que é imprescindível que cada cristão seja um guarda patrimonial para garantir a preservação do acervo do Memorial Diocesano Dom José Medeiros Leite.
Nem Campos, que comemorava mais um aniversário, explicou que as doações a Oliveira são direcionadas por seus filhos empresários, por intermédio do Instituto BRZ Dona Nênem. Segundo ela, parte do lucro das empresas é repassada à entidade para realizações em 30 cidades. “Muito obrigado, meus filhos, pelo coração nobre que vocês têm, ao devolver à sociedade um pouco das benesses que Deus doa a vocês”, agradeceu.
Sobre o fato leia o EM TEMPO, na capa desta edição.
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