Investir na infraestrutura pode não dar votos, mas evita a tragédia nossa de cada.
Três fatos que viraram notícias nesta edição de GAZETA DE MINAS chamam a atenção da sociedade oliveirense para a crescente e quase urgente necessidade de se investir na infraestrutura urbana, enquanto forma de se evitar o desencadeamento de um verdadeiro apocalipse ambiental. Duas dessas três notícias são, em essência, positivas: “Obras de contenção conseguem evitar alagamentos na Maracanã” e “Lixão de Oliveira é finalmente desativado”. Uma, entretanto, continua acendendo o alerta vermelho: “Lama e enxurrada inundam lagoa do Parque João Reis”.
A obra recentemente concluída no final da Avenida Maracanã, contemplando a necessidade cada vez maior de escoamento de águas pluviais, já mostra, em curto espaço de tempo, sua grande utilidade, ao evitar não apenas o alagamento de ruas, lojas e residências, mas impedindo o arrasto de lixo e toda espécie de material poluente para o córrego. É inerente à natureza humana não perceber e não dar valor a obras que não se ergam à frente dos olhos. Há, inclusive, a máxima de que, prefeito que decide investir em projetos como rede de água, esgoto e estruturas anti-alagamentos enterra os seus próprios votos. Neste rol se inclui a obra da Maracanã, que apesar de se encontrar abaixo dos nossos pés, impõe-se como extremamente valorosa.
O gravíssimo problema da destinação do lixo urbano tem produzido vasta gama de fatos abordados e analisados neste jornal, ao longo dos últimos dez anos, quando os governos, da escala federal à municipal, utilizaram toda sorte de arranjos legais, na vã tentativa de conseguir resolver a questão, que se apresenta, ainda hoje, como verdadeiro “inferno” administrativo. Tudo por conta de uma teimosa resistência dos poderes constituídos à verdade científica. Avalia-se, de forma absurdamente enganosa, que os gastos com reciclagem, compostagem e aterros sanitários são exorbitantes, ficando acima das possibilidades do erário, enquanto gasta-se, esbanja-se e perde-se bilhões anuais em obras eleitoreiras e de quase nenhuma utilidade. No caso de Oliveira, não deixa de ser positivo o fim do lixão, arranjo medieval que emporcalha o meio ambiente e as águas subterrâneas. Contudo, como abordamos aqui neste espaço editorial há algumas semanas, o alto custo com o manejo e transporte dos resíduos para Bambuí poderia ser investido numa solução local, evitando a evasão de divisas, melhorando a economia e proporcionando a geração de empregos.
A terceira notícia, esta realmente negativa e preocupante, mostra problemas de escoamento de enxurradas nas imediações do Parque do Capão, concebido e construído como modelo de preservação ambiental, englobando verdadeiro tesouro da natureza: uma mata nativa urbana. Por conta desses problemas, salta aos olhos o rápido assoreamento de suas exuberantes lagoas, colocando em risco iminente a paisagem responsável pela expansão e valorização dos investimentos imobiliários em seu entorno. Neste contexto, é indubitável a constatação: ou as empresas do setor se unem à Prefeitura, na elaboração de um plano conjunto de obras, ou se assistirá, das janelas privilegiadas desses requintados apartamentos, a trágica mutação do verde para o marrom; das águas límpidas à lama estéril e triste.
Realidade que trazemos ao conhecimento e reflexão da sociedade oliveirense neste final de ano, para que, frente às desastrosas mudanças climáticas pelas quais passa o planeta, possa fazer a sua parte, evitando o pior para si e para os que virão.
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