Crises sanitária, política e econômica desafiam integridade social oliveirense.
Inflação e combustíveis nas alturas, crédito bancário caríssimo, milhões de pessoas passando fome e o litro do leite custando seis reais. Em retrocesso nunca antes imaginado, o Brasil acaba de entrar, novamente, para o tenebroso mapa da fome da ONU. Esta curtíssima e superficial análise da realidade brasileira já é suficiente para se eleger as prioridades do município de Oliveira, neste momento de muito sofrimento e ansiedades, especialmente para famílias que se encontram abaixo da linha da pobreza e que vivem com renda per capita de menos de cem reais por mês.
Após duas décadas de indiscutíveis avanços sociais e econômicos, o longo tempo de pandemia, aliado a conflitos internacionais, crise do petróleo e absurdos desarranjos governamentais internos, levou este país, novamente, à margem da comunidade internacional.
Agravada pelo vale tudo de ano eleitoral, a economia brasileira se desintegra, com avanço da desindustrialização e da vulnerabilidade humana. Diante deste quadro, o governo federal oferece gotas de analgésico paliativo, pela sumária aprovação da PEC ironicamente apelidada de “kamikaze”, com o explícito objetivo de diminuir a mialgia coletiva, mas sem atacar as feridas e com prazo de validade definido: 31 de dezembro, quando a eleição já estará definida.
Neste ambiente altamente corrosivo, os poderes públicos e as empresas de Oliveira devem lutar para que o problema seja amenizado em nível local, com foco direto na manutenção da empregabilidade e sustentação das ações beneficentes. Neste sentido, a iniciativa da Prefeitura em admitir contratados, agora com o aval da Justiça, como mostra reportagem publicada nesta edição, torna-se imprescindível. Entre os aprovados no exame seletivo estão chefes de famílias desempregados, muitos deles incapazes de adquirir um litro de leite.
Por outro lado, é notório o aperto vivenciado pelas empresas, em vista da retração do consumo e do faturamento mensal, situação agravada pelo aumento praticamente insustentável de suas despesas. Da conta de energia elétrica à matéria prima e insumos, o custo da produção tem se transformado em verdadeiro desafio diário.
Vão além da solidariedade as ações e comportamentos dos setores público e produtivo de Oliveira, neste momento de provação, quando se acentua ainda mais a concentração de renda, levando o cume da pirâmide social a se postar em patamares financeiros confortáveis, enquanto a maioria apenas se aguenta na pesada base do sistema.
Não demitir trabalhadores e tentar, de todas as maneiras, contratar pelo menos parte daqueles que se encontram sem nenhum tipo de renda, parece ser a “missão impossível” deste momento peculiar da epopeia nacional, em que estamos prestes a decidir, nas urnas, qual rumo daremos à nossa vacilante economia e surrada democracia. Porque no próximo dia 31 de dezembro cessarão os adjutórios eleitoreiros de última hora, esgotando-se os mirrados frascos de analgésicos, deixando novamente órfãs e vulneráveis milhões de famílias, reavivando as dores sociais.
Comunidades menores e tradicionais, como a de Oliveira, trazem em si a semente luminosa da fraternidade, virtude ainda aqui alimentada, face ao mundo cão e canibal em que mergulhou a humanidade. E isto pode ser o nosso diferencial pelos próximos quatro meses.
Amanhã será outro dia?
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